Home

/

Notícias

/

Bahia

/

Bahia é o 3º estado do país com mais resgatados do trabalho escravo

Bahia é o 3º estado do país com mais resgatados do trabalho escravo

Por Redação

18/07/2025 às 12:27

Imagem de Bahia é o 3º estado do país com mais resgatados do trabalho escravo

Foto: Foto: Sergio Carvalho / Divulgação

A Bahia ocupa a terceira posição no ranking nacional de pessoas resgatadas de trabalho em condições análogas à escravidão nos últimos cinco anos. Foram 1.605 trabalhadores libertados, conforme levantamento do Smartlab, plataforma do Ministério Público do Trabalho (MPT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O estado fica atrás apenas de Minas Gerais (2.312 resgatados) e Maranhão (1.736).

Apesar de 24 casos de tráfico de pessoas terem sido oficialmente registrados na Bahia em 2022, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), o número revela apenas uma fração da realidade. O tráfico de pessoas — ligado principalmente ao trabalho escravo e à exploração sexual — tem como principais vítimas pessoas negras e com baixa escolaridade. Nos casos de exploração sexual, as vítimas mais comuns são meninas e mulheres entre 11 e 35 anos. Já o trabalho escravo atinge principalmente meninos e homens da mesma faixa etária, segundo o MPT-BA.

Salvador lidera em denúncias de tráfico de crianças e adolescentes registradas pelo Disque 100 entre 2012 e 2019, com 24,1% dos casos, seguida por Feira de Santana (6,96%) e Ilhéus (3,77%). A maioria das denúncias foi relacionada ao trabalho escravo (77,6%) e à exploração sexual comercial (22,4%). A cidade de Poções, próxima a Vitória da Conquista, é apontada como um dos principais pontos de saída de vítimas traficadas no estado.

História de resgate
A trajetória de Luiz Henrique Neto ilustra a brutalidade do tráfico de pessoas. Em janeiro de 2023, ele deixou a Bahia em busca de emprego em Bento Gonçalves (RS), mas acabou submetido a condições degradantes entre os dias 5 de janeiro e 23 de fevereiro, quando foi resgatado.

Luiz foi um dos 196 baianos libertados em situações semelhantes e hoje atua no Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP), auxiliando vítimas no acesso a serviços de saúde, educação e reinserção no mercado de trabalho. “Transformei a dor em ferramenta para combater essa prática”, afirma.

A professora e pesquisadora da UFBA Gilca Garcia de Oliveira reforça que o tráfico de pessoas e o trabalho escravo seguem um padrão histórico de desigualdade social. Para ela, o grande desafio está no pós-resgate — em garantir dignidade e oportunidades reais para quem conseguiu escapar dessa realidade.

Exploração sexual em rodovias
A Bahia também lidera outro dado alarmante: o estado possui 960 pontos de vulnerabilidade à exploração sexual comercial de crianças e adolescentes em rodovias e estradas federais, segundo levantamento do projeto MAPEAR (Ciclo 2021/2022), disponível na plataforma Smartlab.

O município de Barreiras aparece no topo da lista, com 91 locais mapeados. Entre as rodovias, destacam-se a BR-116 (20,8%), BR-101 (17,1%), BR-020 (14,8%) e BR-324 (7,29%).

Esses pontos, monitorados anualmente pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), indicam áreas com maior risco de ocorrência — não necessariamente locais onde crimes já aconteceram. O objetivo é direcionar ações de fiscalização e prevenção.

Para Monalisa Santana Pires, chefe substituta do escritório de direitos humanos da PRF na Bahia, a conscientização da sociedade é essencial no combate ao tráfico humano:
As pessoas precisam parar de passar por essas situações como se fossem invisíveis. Por isso, campanhas como a do mês de julho, dedicado ao combate ao tráfico de pessoas, são tão importantes. A sociedade precisa ser aliada nessa luta”, destacou.

logo

Site dedicado a informar com agilidade e responsabilidade, trazendo os principais acontecimentos locais, regionais e nacionais.

Siga

Hora1 © Copyright 2025

Nós utilizamos cookies para aprimorar e personalizar a sua experiência em nosso site. Ao continuar navegando, você concorda em contribuir para os dados estatísticos de melhoria. Conheça nossa Política de Privacidade e consulte nossa Política de Cookies.