Projeto de lei ameaça funcionamento de cartórios em mais de 220 cidades baianas
Por Redação
02/07/2025 às 18:45

Foto: Foto: Shutterstock
Um projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) tem gerado preocupação entre os responsáveis pelos cartórios no estado. A proposta, enviada pelo governo estadual e aprovada no último dia 17 de junho, reduz de 12,2% para 9% o percentual da receita dos cartórios destinado ao Fundo Especial de Compensação da Bahia (Fecom), responsável por manter o funcionamento de unidades deficitárias em 224 municípios baianos.
Na prática, a medida representa um corte de 25% nos recursos do fundo, que já opera com um déficit anual de R$ 40,4 milhões. Se sancionado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT), o projeto de lei nº 25.851 pode levar ao colapso financeiro do sistema extrajudicial baiano. Segundo estimativas da Associação dos Notários e Registradores da Bahia (Anoreg/BA), o Fecom pode deixar de existir em pouco mais de seis anos, o que colocaria em risco o funcionamento de 461 cartórios — o equivalente a 61,3% das 752 unidades em atividade no estado.
Embora prestem serviços essenciais como emissão de certidões de nascimento, óbito e casamento, além de registros de imóveis, muitos cartórios baianos operam no vermelho. A arrecadação com taxas não cobre os custos com pessoal e manutenção, especialmente nas cidades menores e mais pobres. Nesses casos, o Fecom atua como uma espécie de "renda mínima", com repasses que podem chegar a R$ 31,8 mil mensais por unidade.
A proposta de redução pegou a categoria de surpresa. De acordo com a Anoreg/BA, nem a entidade nem a direção do Fecom foram consultadas ou sequer informadas sobre a tramitação do projeto.
“Este projeto compromete a sustentabilidade de um sistema que permite levar cidadania e dignidade às áreas mais pobres da Bahia. Suprimir um quarto das receitas do Fundo vai criar a necessidade de reestruturar novamente o cenário extrajudicial, com a possível extinção de cartórios, como forma de manter o sistema viável", alerta Daniel Sampaio, presidente da Anoreg/BA.
Além de cobrir déficits operacionais, o fundo também garante a gratuidade legal de registros de nascimento, óbito e a primeira via da certidão de casamento, atendendo a uma população que, muitas vezes, não teria acesso a esses documentos sem o apoio financeiro do sistema.
Agora, o texto aguarda sanção do governador.
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